Depois de uma eleição extremamente polarizada, em que questões identitárias foram utilizadas exaustivamente para alimentar o ódio, sobretudo através de produção de notícias falsas, o caminho para a produção da nossa sexta edição ficou mais difícil.
Após muito refletir sobre os assuntos que sempre propusemos
nas edições passadas, ficou clara a percepção que estávamos discutindo temas
que iam muito além do que o cidadão comum poderia compreender. Ainda, ao ver a
expressiva votação que projetos conservadores tiveram nos diversos cargos em disputa no país, e principalmente
na região, optamos por voltar algumas casas nessa nova edição.
Poderíamos realizar uma edição de resistência, mas parceiros
e festivais de mesma temática já realizaram esse trabalho brilhantemente, como
a Mostra Curta Audiovisual e o Festival Mix Brasil. Assim, optamos por
praticamente zerar o jogo e começar do início.
Voltamos para 1988, quando foi promulgada a Constituição da
República Federativa do Brasil e decidimos que a sexta edição do MoDive-Se servirá
para lembrar a todos o artigo quinto da constituição.
Justamente nesse artigo são referendados direitos básicos de
todo cidadão, a começar pelo clássico “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza”, mas é nosso dever destacar a garantia do
direito inviolável à igualdade.
Iremos portanto fazer uso de um discurso que foi referendado
pelas urnas, o discurso da defesa da constituição, mas pretendemos dialogar de
forma a mostrar que defender a constituição é um ato muito mais complexo do que
a polarização simplista e eleitoreira fez parecer.