Ano passado já estávamos com as inscrições abertas para os filmes em março, quando a pandemia foi oficialmente decretada. Todos ficamos isolados, em casa. As perspectivas não eram boas, mas imaginamos em um primeiro momento que um período de quarentena resolvesse.
Não resolveu.
Diante da impossibilidade de realizar qualquer ação presencial em junho, decidimos que cumpriríamos em parte algo que os diretores dos filmes inscritos e selecionados nos confiaram. Fazer seus filmes serem vistos.
Montamos um júri, com produtores audiovisuais da região e com militantes de movimentos LGBTQI+. Fizemos, com quase nada de recurso, uma simples cerimônia de premiação para divulgar as obras que compunham nossa sétima edição.
Tínhamos certeza que entre novembro e dezembro de 2020 conseguiríamos fazer sessões presenciais e exibir os filmes para o público.
Não conseguimos.
Mais de um ano se passou e mais de 500 mil brasileiros perderam a vida para a essa doença (sim, a subnotificação existe e não é baixa). Perdemos parentes, amigos queridos. Perdemos também um bom tanto de humanidade e esperança.
Perdemos. Todos nós perdemos.
Depois de muito pensar, a direção da mostra opta por deixa a sétima edição como a edição que não terminou.
A edição ficará aberta, em memória daquilo que vivemos, daqueles que se foram e de um momento triste de nossa história.
Por cada um, por nós, por todos. Resistiremos.
Agradecimentos especiais a todos que participaram dessa “não” edição, em especial a equipe, o corpo de jurados e os diretores e produtores dos filmes que participaram.
Excepcionalmente a edição 2020 da Mostra da Diversidade Sexual de Campinas teve uma premiação. O júri formado por artistas e ativistas da região escolheu os melhores em cada categoria e também concedeu três prêmios especiais.
Roteiro
Iuri Bermudes e Leona Jhovs, por Modelo morto, modelo vivo
Direção de Fotografia
Petrus Cariry, por Marie
Interpretação
Jorge Cerruti, por Para Verônica
Personagem de Documentário
Dinho, por As rendas de Dinho
Direção
Leo Tabosa, por Marie
Filme (empate)
Marie
Para Verônica
Prêmios especiais Quelly da Silva
Bonde (filme) - Pela diversidade e problemáticas em recortes sociais. Pela vontade de falar. Pelo protesto que foi "feito para rir", mas arde.
Meninos Rimam (filme) - Pelas escolhas feitas para a abordagem temática, focada no público jovem. Pela valorização da arte 'periférica'. Pela representação da sexualidade como algo orgânico e poético.
Divina Valéria (atriz) - Pela personificação de representatividade, mostrando que o que falta é oportunidade para pessoas trans ocuparem espaços e trabalhos. Quell da Silva poderia estar viva a ponto de envelhecer trabalhando no que ama de uma maneira tão intensa e radiante quanto Divina.
Curtas-metragens
As Rendas de Dinho
Direção: Adriane Canan
Bonde
Direção: Asaph Luccas
Depois Daquela Festa
Direção: Caio Scot
Exu Matou um Pássaro
Direção: Vinicius Sassine
Jessyca
Direção: Peterson Almeida
Los huevos
Direção: Yolanda Moreno Torrado
Marie
Direção: Leo Tabosa
Meninos Rimam
Direção: Lucas Nunes
Modelo Morto, Modelo Vivo
Direção: Iuri Bermudes Weinberger e Leona Jhovs
O jantar
Direção: Matheus Messeder
Papinha de Goiaba
Direção: Tiago Fonseca
Para Verônica
Direção: Fran Lipinski
Volta Seca
Direção: Roberto Veiga
Longa-metragem
Jonathan Agassi Saved My Life
Direção: Tomer Heymann